Quem perde e quem ganha com a compra da Webjet pela Gol
Celso Martins
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou com restrições nesta quarta-feira (10) a compra da Webjet pela Gol. A aprovação ocorreu 15 meses após anúncio da negociação entre as duas companhias. A fusão é uma boa para o passageiro? E para o mercado?
A compra foi aprovada por unanimidade, mas o Cade condicionou a concretização do negócio a assinatura pela direção da Gol de um Termo de Compromisso de Desempenho. A dona da Webjet terá que manter 85% dos voos atuais das duas companhias no aeroporto Santos Dumont. Isso significa que somente 15% dos voos poderão ser cancelados.
O controle dos cancelamentos dos voos será trimestral. No caso de descumprimento, a empresa poderá perder dois slots (autorizações de pousos e decolagens). Gol e Webjet passam a ter 36% dos slots no Santos Dumont. A TAM tem 24%.
Os conselheiros do Cade explicaram que obrigaram a Gol a assinar o documento por temerem aumento no valor das passagens ou cancelamentos de rotas. Ainda segundo o Cade, o Santos Dumont não comporta a entrada de uma nova empresa por falta de espaço, impedindo uma competição maior.
A Webjet foi vendida por R$ 43 milhões. Na negociação, a Gol assumiu dívida de R$ 215 milhões da companhia. Criada em 2005, a Webjet ganhou título de ser a mais “barateira”. Em 2007 os fundadores da empresa, empresários cariocas, venderam a a companhia para o dono da CVC, Guilherme Paulus, que não conseguiu estruturar a empresa.
A Webjet tem 30 aeronaves Boeings e faz cerca de 140 voos diários para 18 cidades brasileiras. A Gol possui uma frota de 124 aeronaves e opera 810 voos diários para 63 destinos domésticos e 13 internacionais. A companhia só opera com Boeings. A Gol já está fazendo a troca dos Boeings 737-300, modelos mais antigos e que consomem mais combustível, pelos modernos Boeings 737-700 e 800.
A tendência da Gol é de acabar com a marca Webjet, o que deve acontecer no início de 2013. Desde outubro, quando começou acordo operacional entre as duas companhias, a Webjet acabou com os voos diários de Confins para Uberlândia, Porto Alegre e Brasília, cidades onde a Gol tem forte presença.
“Os passageiros perdem com as fusões de Gol/Webjet e a mais recente Azul/Trip. Os controladores das companhias aéreas buscam nas fusões formas de otimizar as rotas, diminuir custos, mas a tendência é de aumento das passagens com poucas ofertas de voos em uma determinada rota”, analisa João de Aguiar Mello, especialista em aviação.
Com as fusões, a TAM continua líder do mercado da aviação, seguida pela Gol/Webjet, Azul/Trip, Avianca e Passaredo. Na rota mais lucrativa e disputada do mercado, a ponte aérea Santos Dumont/Congonhas, apenas as companhias Avianca, Gol e TAM têm voos de segunda a sexta-feira.
Quem perde com a fusão
O passageiro. A tendência é de a Gol cancelar voos da Webjet onde já possui uma atuação mais forte. Com menos oferta, a tendência é de aumento das passagens
Em algumas cidades, como no Galeão (RJ), Guarulhos (SP), Santos Dumont, a Gol passa a ter uma quantidade maior de voos, passando a dominar o mercado
Funcionários. Com a redução de voos, a Gol pode demitir pilotos, comissários e pessoal de apoio
Quem ganha
A Gol. A companhia ganha slots no Santos Dumont e Guarulhos e no Nordeste.
A Gol passa a ter mais poder de negociação com fabricantes de aviões e fornecedores
Participação das companhias
TAM 39,89%
Gol/Webjet 40,7
Azul/ Trip 14,23%
Avianca 4,98%
Passaredo 0,60%
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